Não se Esqueça da Povoação Local em um Safári!
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O SUV (veículo utilitário esportivo) o recolherá na porta de seu lodge antes do amanhecer. O guia, que provavelmente terá um sorriso de orelha a orelha, o cumprimentará de forma alegre e se dirigirá ao portão. Por algum tempo, dirigirá por uma estrada alcatroada, e, em seguida, virará para uma estrada de terra. Alguns minutos depois, atravessará os portões do parque natural. Entrará em um mundo mágico onde a natureza ainda governa e onde não se atreverá a sair do veículo por receio de perder a sua vida! Lá terá de contar com o guia para localizar os animais escondidos e aprender a reconhecer tudo ao seu redor, inclusive a regressar com segurança ao seu lodge no final da manhã. Quem é esse guia? Onde é que ele se encaixa em sua experiência africana?Depois de chegar ao acampamento, quando estiver no lodge ou na cidade vizinha comprando recordações, repare atentamente nas pessoas. Aqui é onde vive o seu guia, o seu motorista e as outras pessoas que ajudam a transformar as suas férias em uma experiência inesquecível. Eles são os moradores – falando a língua comum da região (por exemplo, Chinyanja perto do Parque de Luangwa, na Zâmbia, Xichangana no Parque Nacional Kruger, na África do Sul, Maasai no Serengeti). Poucos serão altamente educados; aqueles que frequentaram a escola e a faculdade provavelmente se mudaram para a cidade para trabalhar após algum tempo. Aqui, nas aldeias e vilas vizinhas do acampamento, estão agricultores comuns, que tiveram de chegar a termos com a vida perto do parque, onde a maioria das pessoas (inclusive seus próprios governos) se preocupam mais com os animais selvagens do que com eles próprios. Isso acontece porque o turismo é um grande negócio na África e você faz parte do problema e da solução.A relação histórica entre o homem e os animais selvagens na África é predatória: tradicionalmente as pessoas caçavam e comiam muitos dos animais selvagens que os turistas agora vêm observar. Da mesma forma, os animais selvagens tendem a caçar os seres humanos (e as culturas) perto do seu habitat. Tal comportamento é prejudicial para os parques naturais e lodges, portanto, uma nova relação entre o homem e o animal selvagem tem de ser forjada para viabilizar o turismo relacionado com a vida selvagem.
Isso assume a forma de “gestão da vida selvagem com base na comunidade”, ou seja, as pessoas que vivem perto de parques naturais devem beneficiar com as regras impostas para proteger os animais, bem como as cercas que impedem os moradores de entrar nas florestas onde eles sempre procuraram lenha, cogumelos, medicamentos, raízes e animais. Para garantir que os moradores próximos de parques naturais não possam caçar animais (para comer ou vender) e possam beneficiar com o negócio da vida selvagem à sua porta de casa, é necessário lhes dar um interesse direto no sucesso do turismo da vida selvagem. De uma forma geral, isso significa proporcionar empregos, que muitas vezes exige treinamento – para trabalhar em um lodge, ou como empregada doméstica, ou motorista. É também provável que eles possam ter de aprender uma nova língua, mais precisamente o Inglês. Os mais educados poderão ser treinados sobre a gestão da vida selvagem e encontrar um emprego com o serviço nacional de vida selvagem. Alguns se tornam batedores para os caçadores (em áreas especialmente designadas) e guias para os turistas. Estes são os sortudos, pois beneficiam diretamente do parque e de seus visitantes, portanto, certamente esperam que o mesmo progrida. Outros recebem benefícios de forma menos direta: aqueles que vivem nas proximidades podem receber carne dos grupos de caça, ou encontrar trabalho em negócios secundários (fabricação e venda de objetos antigos e artesanato, cultivo de alimentos para os lodges, lavagem de roupas para os visitantes, etc.). Por conseguinte, quando estiver em um safári, não repare somente nos animais selvagens, mas também tome nota das pessoas que ajudam a satisfazer as suas necessidades e que lhe oferecem o seu conhecimento sobre a vida selvagem. Eles são os verdadeiros donos dos parques naturais da África e, portanto, são a eles que deve agradecer por dividir o seu exclusivo e glorioso habitat. |